quarta-feira, 31 de outubro de 2007

O segredo de Renée de Vielmond está em saber envelhecer


De volta à TV depois de dez anos sem fazer novelas, Renée de Vielmond tem seus segredinhos para manter-se bem. A atriz, que em ‘Paraíso Tropical’ vive Ana Luísa, mulher de Antenor (Tony Ramos), é adepta da vida saudável.
Ela segue uma boa alimentação, vai ao médico regularmente, não fuma e nem ingere bebidas alcóolicas. Além disso, inclui uma prática de exercícios em sua rotina diária.
Mas o segredo principal de Renée está na forma como encara o passar dos anos:
“A idade traz mais conhecimentos e uma nova visão da vida e das pessoas. Estou envelhecendo bem e aceitar isto é um alívio, pois só tenho a ganhar desta forma. Acho que temos que viver bem com a idade que temos”, disse a atriz ao EGO.

Renée de Vielmond, canceriana sensível, dominadora, exigente


De espírito acolhedor, a canceriana Renée de Vielmond (54) tem na sensibilidade pessoal o gatilho que a faz tomar as grandes decisões e definir os caminhos de sua vida. Dificilmente a atriz poderá ser convencida disso ou daquilo. Se não nascer dentro dela, nada feito. De caráter amistoso e companheiro, gosta de estar ao lado das pessoas queridas e chega a se preocupar por elas como se fosse consigo. Renée quer logo tomar atitudes e nunca se satisfaz enquanto não o faz. A força de sua expressão é conhecida de todos, amigos e admiradores, resultado de um fogoso Mercúrio, que em alguns momentos a torna dominadora e exigente até em relação a seus caprichos. Assim ama, também com lealdade e compreensão, embora nem sempre muito convencional. A aproximação de Marte a deixará sossegada, enquanto não se lançar a novos empreendimentos.

Homenagem feita á Renée !!!!!!!!



Homenagem feita com musica do cantor Roberto Carlos

Renée também ja foi a outra



Video exibido no programa Video Show, muito lindo

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Renée de Vielmond passa frio durante gravação no Rio




Na manhã desta quinta-feira (19), o fotógrafo de OFuxico flagou uma gravação da novela Paraíso Tropical, da Globo, na praia do Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro.

Lá estavam Renée Vielmond e Rodrigo Veronese em algumas cenas para a novela de Gilberto Braga. Nelas, Ana Luisa e Lucas estão passeando na praia com o menino que acabaram de adotar.

Nos bastidores, o que se viu foi superfrio - bem incomum à Cidade Maravilhsoa - que Renée passou. Por conta do tempo fechado, ventava muito e a atriz tremia. gelada. Encolhidinha, ela, no final das tomadas, ganhou um roupão longo, na cor branca, para se aquecer.

Vamos torcer para que Renée não pegue uma gripe, não é mesmo?

PARAISO TROPICAL 2007



Em Paraiso Tropical a atriz contracenou com Tony Ramos e foi dona dos momentos de maior audiência na novela.

Escalada (1975)










A novela foi o primeiro grande sucesso da atriz na televisão. Ela era Marina, grande paixão da vida do protagonista Antônio Dias, vivido por Tarcísio Meira

Anjo Mau (1976)


Na primeira versão da novela, a atriz fez o papel da doce Léa, que sofre com as armações de Nice (Susana Vieira) para separá-la de Rodrigo (José Wilker)

Pecado Rasgado (1978)


Na novela, a atriz era a vilã Estela, que nutria um amor doentio pelo cunhado desde a morte da irmã e fez de tudo para não deixá-lo viver um novo romance

Brilhante (1981)


Depois de ser abandonada pelo marido, que a trocou pela protagonista vivida por Vera Fischer, Maria Luísa, personagem da atriz na novela, se tornou uma amargurada

Eu Prometo (1983)



A fotógrafa Kely Romani, sua personagem na novela, foi um dos grandes sucessos de sua carreira. Ela despertava a paixão de um homem casado, o protagonista Francisco Cuoco

Barriga de Aluguel (1990)


Na trama, a personagem da atriz era Aída Baroni, a mulher do médico que sugere ao casal protagonista que contrate uma barriga de alguel para conceber seu filho

Pátria Minha (1994)


A atriz, na trama, interpretava a professora Marina, que dava aula para a protagonista da trama, vivida por Cláudia Abreu. Não era um papel de grande destaque

Explode Coração (1995)


Na novela, ela era a fotógrafa Bete e fazia par romântico com um jovem bem mais novo que ela, vivido por Rodrigo Santoro. Depois da novela, ela parou de atuar e foi cursar História

Alguns personagens da nossa linda Renée




A elegante Ana Luiza de Paraiso Tropical

Antes mesmo de dar seus primeiros passos, Renée de Vielmond já caminhava em direção à vida artística. Certa do que queria, ela comenta sobre o início


A atriz Renée de Vielmond está passeando por outras praias. Aluna dedicadíssima do curso de História na PUC do Rio de Janeiro, ela considera essa mudança de percurso uma verdadeira façanha. Por Claudia Altschüller • 14/08/2001


Por onde anda Renée de Vielmond? Sem participar de novela há algum tempo, a atriz vem se dedicando com unhas e dentes à faculdade de História na PUC do Rio de Janeiro. O entusiasmo com a nova empreitada é tanto que a atriz só pôde dar entrevista ao Bolsa de Mulher no período de férias. "Com toda a vida movimentada que tive, esta é a primeira experiência que considero uma aventura. O que me interessa neste curso é o processo, o caminhar e não o bacharelado", confessa a futura historiadora.

A veia artística da atriz despontou bem cedo. Mais precisamente aos cinco meses quando representou o menino Jesus na manjedoura num auto de Natal em pleno picadeiro do Grande Circo Nerino, fundado por seus antepassados. Anos depois, com apenas 17 anos, a artista teve sua estréia profissional como protagonista do filme "Em compasso de espera", do célebre Antunes Filho. Das telas e palcos para TV foi um pulo. Renée atuou em "Meu pedacinho de chão" , de Benedito Rui Barbosa, assinou contrato com a TV Globo e mudou-se para o Rio. O país passou, então, a conhecer seu carisma e a artista experimentou as vantagens e desvantagens que a fama traz. "Somos excessivamente vigiados e controlados. A única lição que retirei desta experiência foi a de que não podemos abrir mão de exercer nossa cidadania, custe o que custar. O artista, antes de ser artista, é um cidadão", desabafa.

Em 1986, já como atriz de prestígio, recebeu um convite irrecusável para posar para a Playboy: "O trabalho foi elaborado com direção de arte de Marisa Alvarez Lima e sem qualquer interferência da Editora Abril no trabalho final", relembra. A atriz revela que faria outro ensaio fotográfico nu se fosse em preto e branco, levasse de novo a assinatura da Marisa Alvarez Lima e não fosse publicado em revistas. Ttímida, Renée não gostaria de expor sua intimidade de novo.

Vivendo num aconchegante apartamento no Leblon, em companhia da filha Mariana, 22 anos, Renée diz lucrar com sua solteirice. "Num ponto da minha vida, desenvolvi um terror fóbico à paixão, à relação primitiva, simbiótica, idealizada, surda e cega" e gasta sua afetividade com a família, os amigos , o trabalho e o estudo. Para quem tem saudades de seu sorriso meigo, a promessa é de voltar para a telinha assim que puder. Seja como atriz, apresentadora de programas educativos ou fazendo locução.

Antes mesmo de dar seus primeiros passos, Renée de Vielmond já caminhava em direção à vida artística. Certa do que queria, ela comenta sobre o início da carreira, influenciada pela família.
Bolsa de Mulher - Quantos anos de carreira? Fale do início.

Renée de Vielmond - Sou filha de mãe alagoana e pai francês. Meu bisavô paterno era industrial, a família possuía uma fábrica de automóveis no final do século XIX, em Montrouge, nos arredores de Paris e minha avó paterna era atriz e acrobata de uma família circense na França. As irmãs da minha avó Renée, Armandine e Myris, fundaram o Grande Circo Nerino em 1913, três anos depois que chegaram no Brasil. Foi justamente aos cinco meses, que estreei como Menino Jesus no auto de Natal do Circo Nerino. Passei algumas férias de minha infância com a equipe do Circo Nerino. Uma das lembranças mais fortes que guardo dessa época é a de meu tio Roger Avanzi se maquiando em frente ao espelho nos bastidores para se apresentar como o palhaço Picolino. Eu o reencontrei agora, após 37 anos sem vê-lo, interpretando o mordomo Firs em "O jardim das cerejeiras", de Anton Tckecov. Coincidentemente encenei essa peça em 1989, interpretando a personagem Vária. Foi uma emoção muito grande poder rever meu tio Roger, aos 79 anos, trabalhando como ator. Mas, voltando ao meu início: três anos depois de o Grande Circo Nerino baixar a lona, em 1964, fui convidada pelo diretor teatral Antunes Filho para fazer um teste como atriz. Fui aprovada, fiz o curso de interpretação do professor russo Eugênio Kusnet e estreei já como protagonista no filme "Em compasso de espera", com direção do próprio Antunes Filho, aos dezesseis anos de idade. Vivia em São Paulo nessa época. Depois fiz teste para a novela "Meu pedacinho de chão", de Benedito Rui Barbosa, onde interpretava a professora Juliana. Em 1972, fui contratada pela Rede Globo e me mudei para o Rio de Janeiro para cumprir o contrato assinado, encerrando então a primeira fase de minha vida de atriz na cidade de São Paulo, tempo de que sinto muita saudade.

BM - Se você pudesse voltar no tempo, optaria pela carreira artística?

RV - Se eu tivesse tido o conhecimento que tenho hoje com o estudo de História e tivesse podido adivinhar o que seria ser ator nos anos noventa, provavelmente não. Na década de sessenta, alguns jovens de minha geração abandonaram as instituições, desafiaram valores arcaicos. Foram rupturas dramáticas. Eu, por exemplo, preferi sair muito cedo de casa, trabalhar a estudar para garantir minha sobrevivência. Eu tenho certeza de que seria muito infeliz se tivesse cumprido uma carreira acadêmica no contexto daqueles anos sessenta. O que era fundamental era poder sair da casa dos pais ainda na adolescência e "cair na estrada". Pois foi o que fiz. Eu seria atriz, escritora e aceitaria qualquer ofício para garantir minha independência. Eu só não aceitaria ser esposa e dona de casa pois minha geração foi marcada pelas bandeiras onipotentes do feminismo, do marxismo... Fomos uma geração meio kamikaze, nos impusemos algumas missões suicidas e alguns de nós pagaram um alto preço por isto. Nos anos sessenta, nós éramos mais audaciosos como artistas e é esta audácia, inocência (ou ingenuidade, segundo alguns) e destemor que marcava nossas trajetórias de vida, relacionamentos afetivos e trabalho. Nenhum de nós perseguia o dinheiro, a fama, o sucesso, as capas de revista ou a aquisição de maravilhosos eletrodomésticos, como nos dizia o Antunes. Então, a opção por ser artista estava referida a uma maneira de se colocar no mundo: deste ponto de vista , eu faria outra vez sim a opção por me expressar através do ofício de ator, quando o palco era ainda utilizado como veículo de revelações. Mas hoje, eu realmente não tenho certeza se optaria pelo ofício de ator cujo exercício está exigindo uma atitude de conformismo e acomodamento.

BM - Você gosta de escrever? Já escreveu algum roteiro?

RV - Eu passei a minha vida inteira escrevendo...Escrevia de dia, de noite, viajando, nos ônibus, trens, aviões, nos camarins, nas salas de aula.... Eu só não escrevia à máquina: tinha que ser à mão, com tinta e papel. Se não estava escrevendo, estava lendo... Até hoje conservo este prazer táctil em manusear papéis e livros. Meus professores têm que aturar meus trabalhos de fim de semestre escritos à mão. Costumo dizer que não tenho vocação para o ofício de historiador e sim para o de bibliotecária. Passo horas à fio dentro das bibliotecas, das livrarias, sebos, papelarias... Minha casa é um imenso escritório, repleto de livros, agendas, cadernos, fichários, pastas, arquivos....Cada personagem que me aparecia exigia pesquisas, sinopses, recolha de material, fotos, visitas a museus... Enfim, ao longo dos anos fui perdendo esta prática, mas tenho muita coisa escrita: desde dezenas de diários, centenas de cartas e, até, inúmeros contos. Mas nunca me aventurei em escrever roteiros e peças de teatro porque não domino esta técnica apesar de já ter visto centenas e centenas de filmes. O cinema, na verdade, é minha grande paixão desde criança, mais que o teatro e a televisão. Penso, sim, freqüentemente em me passar para trás das câmeras para escrever, dirigir, fazer pesquisas ...Gostaria, por exemplo, de elaborar um documentário sobre o Circo Nerino, com narração do meu tio Roger.

BM - Você considera a fama passageira? Ela é real? O que você aprendeu com o sucesso?

RV - Creio que a fama traz mais desvantagens que vantagens. Somos excessivamente vigiados e controlados. Além desse controle todo, "o mundo" fica muito mais caro pois fantasiam que somos acionistas majoritários da TV Globo. Essa fantasia vem porque nós mesmos projetamos uma imagem que não corresponde ao que somos verdadeiramente. É muito freqüente nós próprios acreditarmos nessas imagens idealizadas que projetamos e neste conto-de-fadas, um mundo de fantasia. Voluntária ou involuntariamente, contribuímos para firmar nas revistas a imagem de que todos os artistas são ricos e bem sucedidos. Se nós próprios acreditamos que o sucesso traz dinheiro e poder, como é que o telespectador não vai construir este tipo de expectativa? Fomos bombardeados com o cinema americano desde a década de 20, com uma propaganda maciça em torno dos ganhos milardários de seus artistas. O sucesso me deseducou e a única lição que retirei desta experiência foi de que não podemos abrir mão de exercer nossa cidadania, custe o que custar. O artista, é, antes de ser artista, um cidadão.

BM - Você pretende voltar para a TV em breve?

RV - Será um recomeço, como tantos outros recomeços. A atriz está preservada, talvez mais falha tecnicamente mas muito mais completa de outro ponto de vista. Se a atriz não der mais conta do recado, posso exercer uma função que exerci no "Programa de Domingo" do Fernando Barbosa Lima: o de apresentadora de um programa. O programa pode ser até educativo, estarei, então, voltando aos primórdios da minha carreira em televisão quando fizemos a primeira novela educativa da televisão brasileira: "Meu pedacinho de chão"(TV Cultura São Paulo), do Benedito Rui Barbosa. Penso também em fazer locução para televisão e cinema.

BM - Você pousou nua para a playboy de 1986. Você teria repetido a dose se fosse convidada?

RV - Faria se fosse outra vez com Marisa Alvarez Lima, em P x B e não para publicassem em revistas. Há dezesseis anos, consegui um contrato fabuloso com a editora Abril, intermediado pelos excelentes jornalistas Alexandre Machado e Carlos Costa, que nos possibilitou fazer um ensaio fotográfico belíssimo. O trabalho foi elaborado com direção de arte de Marisa e sem qualquer interferência da editora Abril no trabalho final. Para exemplificar, das 800 fotos tiradas,14 foram escolhidas por Marisa, que também as paginou. A Abril só tomou conhecimento dessas 14 fotos já paginadas: as outras 786 continuam desconhecidas. Certamente, hoje eu não conseguiria condições tão privilegiadas de trabalho.

BM - A TV massacra o artista?

RV - Qual artista? Depende do grau de expectativa que se carrega. Se um profissional de TV vai trabalhar num canal de TV aberto, numa indústria que não ambiciona o espaço da arte, nem se reconhece como instrumento de responsabilidade social e institucional e que privilegia seus interesses econômicos, não deve esperar que possa desenvolver ali um trabalho que, mobilizando sua capacidade inventiva, priorize a formação de cidadãos. Acredito que algumas dessas emissoras, prestadoras de serviço público e comprometidas que são com o bem-estar social, precisam fazer um mea culpa e debater com a sociedade questões sobre responsabilidade, ética e função social de um veículo de penetração hegemônica, que ocupa um importante espaço social e cultural num país de alto índice de analfabetismo. Neste aspecto, o papel da televisão é crucial. Aliás, é preciso lembrar que a Constituição Brasileira afirma que a programação e a produção das emissoras televisivas, como concessionárias de serviço público, tem como obrigação primeira privilegiar as atividades educativas, artísticas, culturais e informativas.

BM - Você está dando entrada na sua aposentadoria?

RV - Trabalho desde 1967 como autônoma . Em 1970, o Antunes assinou minha primeira carteira profissional. Tenho, portanto, comprovadamente quase 31 anos de trabalho com vínculo trabalhista e, segundo as novas leis previdenciárias do nosso governo neoliberal (que parece considerar o aposentado um parasita social, um "vagabundo"), ainda não posso usufruir de minha aposentadoria ... Por enquanto, estou bancando minha semi-aposentadoria sozinha.

Bolsa de Mulher - Você é tímida? O assédio do público te incomoda?

Renée de Vielmond - Sou muito tímida, sim. Tenho pânico de palco e raramente faço teatro. Na PUC, quando tem apresentação de trabalho, eu não consigo usar os recursos técnicos de atriz e fico tão nervosa, suando e tremendo, como se fosse minha estréia teatral. Freqüentemente peço a um ou outro professor que me libere de apresentar publicamente um trabalho de final de curso. Já passei por momentos de pavor. Quanto ao assédio, isto não existe na PUC. Sou muito integrada com os alunos, professores e funcionários. Já me acostumei ao assédio na rua, nunca deixei de ir ao banco ou ao supermercado por conta disto. Isto está perfeitamente incorporado no cotidiano da vida. O que me incomoda muito são os telefonemas inconvenientes para minha casa e quando viajo e interrompem meu descanso. De resto, tenho que conviver em paz com o assédio, pois fui eu que escolhi trabalhar em televisão. Tive também experiências maravilhosas como, por exemplo, quando Mariana, Fernando Puga e eu fomos assistir aos Rolling Stones. Pude assistir ao show no gramado na maior tranqüilidade e alegria apesar de estar no ar com "Pátria Minha".

BM - Qual o lado mais difícil de um relacionamento a dois?

RV - Acredito que sozinho tem-se maiores possibilidades de desenvolvimento profissional, maior autonomia, maior privacidade e maior acesso a diversas experiências. O relacionamento a dois pede um espírito democrático de convivência e uma aceitação da diversidade que se não acontece dos dois lados, leva um dos dois a abrir mão de aspectos fundamentais para um desenvolvimento pleno de suas aspirações e necessidades. Isto vale tanto para o homem quanto para a mulher.

BM - Como anda a tua vida afetiva?

RV - Num ponto da minha vida, desenvolvi um terror fóbico à paixão, à relação primitiva, simbiótica, idealizada, surda e cega. Portanto, pelo menos agora, a solteirice é um projeto positivo e desejado. Estou muito feliz descasada. Por enquanto, gasto a minha afetividade com a família, os amigos, o trabalho e o estudo. Mas sei que nos próximos anos enfrentarei mudanças tremendas que provavelmente me ajudarão a desencalhar deste medo da relação amorosa. Eu já achei que tinha mudado de continente e queimado as caravelas, mas não. Eu gostaria de viver outra vez uma boa relação com um bom companheiro, sim.

BM - Quais os valores que você transmitiu para sua filha?

RV - Passo valores nos quais acredito que são a importância de se estabelecer compromissos mútuos com os outros, de associar bom caráter e experiência, a necessidade de se cumprir obrigações formais e a atribuição de valores éticos nas relações com os outros e na relação consigo mesmo e o respeito pelo espaço público. Eles são várias vezes confundidos com virtudes abstratas.

BM - Qual a sensação de freqüentar a mesma faculdade da sua filha Mariana? Vocês se encontram pelos corredores da PUC?

RV - Acho que isto incomoda mais a mim do que a ela . Freqüentamos turnos diferentes e nunca nos encontramos lá dentro. Mesmo que eu estude com algumas mães que tranqüilamente têm seus filhos estudando na PUC, eu ainda me sinto constrangindo a Mariana. Já tive como colega de turma duas das melhores amigas da minha filha e foi tudo normal. Sei que é impossível dividir uma sala de aula com minha filha e isto seria totalmente desnecessário. As coisas se ajeitaram dessa maneira e está excelente assim. Acho que não estamos nos atrapalhando. Os espaços de cada uma estão rigorosamente preservados.

BM - O desejo de estudar História é novo ou é um sonho antigo? Como você deu partida a esta aventura universitária? Quando termina o curso?

RV - É mesmo, é uma aventura estudar! Com toda a vida movimentada que tive, esta é minha primeira experiência que considero uma aventura. Mas eu considero estudar um ato de criação porque a criação é também você sair do seu mundo, do mundo no qual você estava acostumado a viver. Comecei a trabalhar muito cedo, respeitando o lugar que me foi atribuído no mito familiar . Trabalhei muito e com grande retorno. Casei, tive minha filha, descasei e nisto se passaram trinta anos. Num intervalo de novela, comecei a estudar inglês, depois fiz uma oficina literária e de repente passei no vestibular pra História na PUC. Nada, absolutamente nada, foi planejado. Aliás, como nada foi planejado em minha vida: nem trabalho, nem maternidade, nem viagens... Comecei, então, a fazer o curso de História e me apaixonei perdidamente por estudar, de uma maneira que jamais imaginei. No princípio, armei um esquema que deu certo e passei a trabalhar como atriz só nas férias da PUC e consegui assim preservar tanto o curso , quanto o ofício de atriz. Mas, de uns tempos pra cá, todos os convites para cinema, teatro e televisão têm surgido nos períodos letivos e é rigorosamente impossível conciliar as duas atividades, muito pela minha maneira ciclópica de estudar e trabalhar pois promovo intensos mergulhos quando estudo e trabalho. Não abro mão desse tempo de imersão que me alimenta. Tenho em mente que vou ter de trancar o curso de História para voltar a trabalhar e, mais tarde, parar de trabalhar outra vez para retomar o curso. Terei que ir alternando anos de estudo com anos de trabalho. E desta maneira irei vivendo, de uma maneira que só serve pra mim, que ninguém me tome como exemplo, principalmente os jovens.. O curso pra mim não tem uma utilidade prática, uma aplicabilidade imediata. O conhecimento não faz sentido só se tiver uma funcionalidade...isto é redutor. O que me interessa neste curso é o processo, o caminhar e não o bacharelado, o diploma. Dificilmente conseguirei fazer uma carreira acadêmica, digo mesmo que não tenho nenhum futuro na academia. Não quero me enganar nem enganar a ninguém. Mas estudar História é fundamental pra mim, é o meu fio terra que me dá consciência do processo histórico e me ajuda a me posicionar na vida e a entender criticamente as circunstancias da realidade que nos cerca.

BM - Você é feliz?

RV - Eu me sinto feliz em muitos momentos de minha vida. Tanto pode ser quando recebo reconhecimento por um trabalho profissional que executei bem ou quando na madrugada maravilhosa em que minha filha nasceu ou quando, do meu ponto de vista, "o extraordinário acontece no ordinário": uma boa refeição numa mesa bem posta , um encontro com um amigo, a leitura de um livro, caminhar na Floresta da Tijuca, nadar vendo o pôr-do-sol na Barra de Guaratiba, rever o jardim de rosas de minha avó em Junqueiro, Alagoas, tantos e tantos milhares de momentos felizes .....nós ficaríamos conversando horas e horas...

Incrivelmente tímida, a futura historiadora comenta sobre família, relacionamento amoroso, pãnico de palco e o curso na faculdade. Revela, ainda, que nada é planejado em sua vida.

Renée nos mínimos detalhes

Renée de Vielmond Nunca me envolvi com um homem mais jovem


Consagrada, atriz deixa Paraíso Tropical e compartilha com Contigo! seus pensamentos sobre viver sozinha, relacionamentos, estilo de vida e envelhecer

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Ana Luísa é discreta. Renée de Vielmond, 53 anos, é mais. Distante das novelas há 12 anos, desde Explode Coração (1995), a atriz nascida no Rio de Janeiro ganhou uma aliada importante nessa volta. Uma personagem que, traída por Tony Ramos, 58, deu o troco com Rodrigo Veronese, 36, e que volta a Paraíso Tropical nos últimos capítulos da trama. Renée soma 40 anos de carreira, iniciada aos 13 no filme Em Compasso de Espera, de Antunes Filho, e marcada por papéis ao lado de Tarcísio Meira, como em Escalada (1975) e Brilhante (1981). No quesito relacionamentos, é extremamente reservada. Não diz se está solteira ou não desde sua separação, em 1984, do segundo marido, José Wilker, 61, com quem viveu durante oito anos e teve uma filha, Mariana, 26. O primeiro marido foi o também ator Nilson Condé. Confira o que pensa a atriz.

"Sou muito tímida. E essa minha característica só deixa de existir na hora em que interpreto. Sou quieta, reservada. A minha liberdade desabrocha no contido e não no aberto. Sou feliz dessa maneira, sou uma pessoa 'insuberante' (risos)." "Nunca aconteceu. Nunca me envolvi com um homem mais jovem. Acho que hoje não me envolveria. Mas a diferença de idade não interfere num casamento. Conheço alguns casais em que a mulher tem mais idade e que encontraram um ponto de equilíbrio. Se acho que as mulheres estão aceitando a infidelidade em nome do casamento? Infelizmente, sim. Mas cada casal tem sua singularidade."

"Casamentos duram a vida inteira. Conheço vários. Penso que é melhor viver casada do que solteira, mas também não se deve casar com medo da solidão. É fundamental aprender a viver sozinha. Apenas sabendo viver a sós é que o casamento tem a possibilidade de ter uma durabilidade maior. Mas o mais difícil numa relação é quando cada um não consegue separar sua identidade."

"Às vezes me considero bonita, às vezes não. Depende do momento. O tempo traz sabedoria e torna a mulher mais interessante. O corpo de uma mulher madura é um corpo com vivência, com história, com marcas. Acho isso encantador."

"Eu sou mais casual do que Ana Luísa. Uso calça jeans, camisetas, sou mais básica. O público projeta uma imagem de requinte e beleza que não corresponde à realidade. Eu tenho um cotidiano comum, caminho pelo Leblon, onde moro, tomo banho na Prainha no fim da tarde, gosto de ir a pequenos comércios, como sebos, livrarias, tomar café com os amigos, fazer uma trilha ecológica que tem perto da minha rua. Tenho uma vida provinciana."

"Envelhecer não me assusta, de jeito nenhum. É uma frase banal, mas o grande desafio para uma mulher que envelhece é aceitar as marcas do tempo. Não uso um creme no rosto desde que a novela começou! Eu esqueço de usar (risos)! Uso um hidratante e mais nada. O que faço é beber muita água, caminho, faço trilhas ecológicas. A minha vaidade vai para esse caminho da saúde. Adoro perfumes. Tenho uma coleção. Uso cada perfume para um momento diferente. Também faço análise freudiana ortodoxa há 23 anos. É fundamental pra mim."

"Tenho um bom relacionamento com o Zé (Wilker).Nós temos uma filha maravilhosa (Mariana) que amamos muito e que é o nosso bem mais maravilhoso. Tive três mestres na vida: meu professor de interpretação russo, quando eu tinha 15 anos, Eugênio Kusnet; o diretor Antunes Filho, com quem fiz meu primeiro trabalho profissional; e o Zé, com quem aprendi a ouvir música, a entender um filme, uma peça de teatro, a conhecer as cidades... Nós viajamos muito."

"Sou uma mãe bastante presente. Uma mãe com quem Mariana pode contar sempre e a hora que quiser. Uma mãe que gosta de desempenhar esse papel e que é muito orgulhosa da filha que tem. Ela é formada em psicologia, fez faculdade de cinema e hoje é escritora e está escrevendo o roteiro do próximo filme de Cacá Diegues."

domingo, 28 de outubro de 2007